Dia I (17/09) Segunda-feira
Das 15h às 17h
Comunicações Orais
CO 1 – Feminismo, filosofia e produção do
conhecimento (sala 17, campus)
Debatedora: Ingrid Cyfer (Unifesp)
Debatedora: Ingrid Cyfer (Unifesp)
“Gênero, sexualidade e produção científica no
Brasil: apontamentos para a recuperação de uma trajetória” – Regina Facchini,
Ana Cláudia Pilon, Ana Paula Pereira de Araujo e Sarah Rossetti Machado
(Unicamp)
Resumo: As últimas décadas assistiram a um
crescimento da preocupação com questões relacionadas a gênero e a sexualidade
nas políticas públicas e nos movimentos sociais, mas também no campo acadêmico.
Esta apresentação busca colaborar para a recuperação da trajetória de
desenvolvimento e para um mapeamento do campo de estudos envolvendo gênero e
sexualidade no Brasil. Com metodologia que combina técnicas quali e
quantitativas, mapeamos: 1) grupos de pesquisa cadastrados no Diretório de
Grupos de Pesquisa do CNPq; 2) artigos publicados nos principais periódicos
nacionais desse campo desde o início dos anos 1990; 3) temas abordados pelos GT
do Seminário Internacional Fazendo Gênero entre 2000-2010. São analisados: 1) a
distribuição regional e por área de conhecimento dos grupos de estudos e
artigos; 2) as mudanças ocorridas na produção e na difusão de estudos no campo.
“Simone de Beauvoir e Peter Singer: um diálogo
contemporâneo em torno do aborto” –Maria Aparecida Souza Oliveira (Universidade
São Judas Tadeu)
Resumo: Neste trabalho apresentaremos a visão dos
filósofos Peter Singer e Simone de Beauvoir sobre o aborto. Beauvoir, em sua
obra O Segundo Sexo, dedicou o capítulo “A Mãe” a esta discussão, apresentando
como um direito da mulher decidir o que fazer com o seu corpo perante a
gravidez, partindo da premissa de que a existência precede a essência, ou seja:
antes da existência do ser humano, não há determinismo a priori em relação a
ele. Beauvoir mostra que o direito da mulher é maior do que o do feto. A mãe,
um ser que já possui uma existência e uma essência, teria um estatuto de
independência; enquanto o feto, cuja existência é inerente à mãe, não teria uma
essência própria, portanto, não se constituiria como um ser. Singer, no
capítulo “Tirar a Vida: O Embrião e o Feto”, d a obra Ética Prática, apresenta
argumentos que talvez corroborem com as posições de Beauvoir.
“Feminismo animalista? Negociando identidades entre
novos sujeitos feministas” – Íris Nery do Carmo e Alinne Bonetti (UFBA)
Resumo: Expondo o resultado parcial de trabalho de
campo desenvolvido junto ao encontro de mulheres “EncontrADA: corpo, feminismo
e tecnologia: livre!” ocorrido no mês de maio de 2012 em Visconde de Mauá (RJ),
este trabalho elege a prática da alimentação vegana, baseada na interdição de
alimentos de origem animal, entre feministas como universo de investigação.
Destarte, a pesquisa se debruça sobre a experiência dessas ativistas, num
contexto de conjunção entre duas gramáticas políticas (feminista e animalista).
A partir dos conceitos de gastropolítica, comensalidade e dos aportes dos
Feminist Food Studies, buscou-se investigar as negociações identitárias
mediante os significados atribuídos à alimentação, entendida como um fenômeno
sociocultural e político, isto é, enquanto elemento de produção de identidades,
diferenças e estabelecimento de fronteiras atravessadas por relações de poder.
“Terceiro setor e as ONGs feministas: a perda
progressiva de autonomia” – Luciene Assunção da Silva Universidade Federal da
Bahia)
Resumo: Geralmente as discussões sobre o Terceiro
Setor estão amparadas por visão hegemônica, na medida em que os três setores
são fragmentados, mas as análises devem ser realizadas a partir das relações
existentes entre eles, levando ao entendimento da totalidade social na qual
estão inseridos. As ONGs - Organizações Não Governamentais compõem esse setor.
No que se refere as Organizações Não Governamentais feministas elas foram
perdendo paulatinamente a autonomia e posturas reivindicatórios por
transformações substanciais. Apesar de não deixam de ter importância no cenário
brasileiro, principalmente com a redemocratização. Por outro lado, as ONGs para
sobreviver necessitam dos apoios financeiros que as coloca como engrenagem e
refém do modo de produção capitalista, portanto o mantando e solidificando.
“Privilégio e autoridade epistemológica: em matéria
de feminismo o outro também colabora” –Anderson Fontes Passos Guimarães e Nancy
Rita Ferreira Vieira (Universidade Federal da Bahia)
Resumo: Este artigo propõe-se a discutir e a
problematizar a questão epistemológica da produção do conhecimento feminista,
abordando a possibilidade de homens assumirem uma postura de um pesquisador
feminista e se declararem como tal enquanto posição política. São discutidas a
credibilidade e a funcionalidade de termos homens se apropriando deste lugar
para colaborar com a produção feminista. Discorremos, ainda, sobre as Teorias
Queer e quais contribuições e desafios elas trouxeram para se pensar numa
política identitária, tal como é o Feminismo. Assim, propomos como estratégia
mais adequada um ‘saber negociar’entre a contemporaneidade e a modernidade,
para que aspectos que ainda necessitam da importância e da relevância das
identidades consigam conviver em meio à contemporaneidade, mantendo sua legitim
idade de viés político.
CO2– Mulheres em cárcere (sala 4, campus)
Debatedora: Bruna Angotti (ICDP/NADIR-USP)
Debatedora: Bruna Angotti (ICDP/NADIR-USP)
“Maternidade, família, sexualidade e trabalho: a
situação vivida por presas e egressas do sistema prisional” – Kátia Moreira
Lopes (Unifesp)
Resumo: Historicamente as mulheres têm ocupado
papéis que marcam o âmbito da esfera doméstica, sendo consideradas naturalmente
dóceis, submissas e com baixo potencial para o crime. Apesar disto, nos últimos
anos as taxas de encarceramento feminino têm aumentado, sobretudo com as
modificações na lei de drogas. Pensando que, na maioria das vezes, a mulher é a
responsável pela esfera doméstica, propomos investigar quais aspectos marcam as
mulheres nos presídios e no seu retorno à sociedade. Como se (re) estabelecem
as relações familiares, com companheiros afetivos, em relação à maternidade e
ao trabalho? A partir de entrevistas com grupos focais, buscamos analisar a
situação vivida por presas e egressas do sistema prisional.
“Invisíveis: rostos e corpos, cárcere e
invisibilidade sob uma perspectiva de gênero (estudo de caso desenvolvido em
Salvador/BA)” –Alessandra Magalhães Benjamin (UFBA)
Resumo: Trata-se de um estudo de caso que objetivou
evidenciar a situação de gênero no sistema penal, as políticas empregadas, o
dia-a-dia de mulheres “invisíveis”.Averigou-se, assim, a real situação e as
demandas dessas mulheres, exposições e imposições dentro do sistema prisional.
Foram utilizados três relatórios elaborados no país por entidades nacionais,
além de entrevistas realizadas com algumas mulheres encarceradas (condenadas e
provisórias) no Complexo Penal Feminino em Salvador/BA. As informações colhidas
e analisadas são apresentadas neste trabalho para que políticas e ações
verdadeiramente eficazes possam ser adotadas, além de contribuir para que olhos
que olhos que veem, conscientemente, “reparem”.
“Mulheres em situação de cárcere na Penitenciária
Feminina do Distrito Federal: um recorte de gênero, raça e classe” – Juliana
Gonçalves Caceres (NEIM)
Resumo: O trabalho propõe reflexões baseadas em
relatos de vida de oito mulheres em situação de cárcere na Penitenciária
Feminina do Distrito Federal durante seis meses de realização de oficinas em
direitos humanos. Foram identificadas nessas histórias uma homogeneidade e
linearidade que nortearam seus caminhos para o "crime". O trabalho
pretende colocar como que o imbricamento dos eixos de gênero, raça e classe
aplicados a esses relatos já constituem um ciclo de violência presente na
história de vida delas culminando no fenômeno da criminalização da pobreza
entre mulheres negras com a consequência do encarceramento. E sugerir como essa
violência é legitimada pelo Estado na ausência de políticas públicas e pela
matriz normalizadora de valores sociais estéticos e políticos que stionando e
relativizando dessa forma a responsabilidade delas sobre o“crime” cometido.
“Gênero e Segurança Pública: as interecessões numa
política pública de segurança – o caso ‘Mulheres da Paz’” – Ana Carla de
Oliveira Pinheiro (Universidade Estadual do Norte Fluminense "Darcy
Ribeiro")
Resumo: Analiso uma ação de segurança pública
denominada “Projeto Mulheres da Paz”,integrante do conjunto de ações locais do
PRONASCI, desenvolvido em Terra Vermelha em Vila Velha/ES. Esta região foi escolhida
para receber este projeto porque registra altos maiores índices de crimes e
violências na Região da Grande Vitória. Suas vulnerabilidades se apresentam por
insuficiência de bens e serviços públicos, inexistência de equipamentos e
espaços de lazer e esportes, altos índices de violência e criminalidade. Este
projeto é um programa de capacitação de mulheres de comunidade sobre cultura da
paz para aturem junto aos jovens de sua comunidade. A pesquisa empírica foi
realizada com um grupo de vinte e cinco mulheres e o objetivo principal foi
analisar como os fatores socioculturais interferem n a execução desta política
utilizando como arcabouço teórico a Antropologia.
Dia II (18/09) Terça-feira
Das 15h às 17h
Comunicações Orais
CO3– Políticas públicas e homossexualidades:
questões recentes (sala 4, campus)
“Incluir excluindo ou excluir incluindo: políticas
públicas de educação e a socialização diferenciada em uma escola para
homossexuais em Campinas/SP” – Renan Antônio da Silva(Uni-FACEF)
Resumo: O objetivo deste artigo é debater conceitos
e práticas que fundamentam as políticas públicas para a educação no Brasil. O
Governo Federal, em busca de sanar questões sobre a homofobia, lançou o
Programa Federal Brasil “Sem Homofobia”, pela Secretaria Especial de Direitos
Humanos (SEDH), através do Conselho Nacional de Combate à Discriminação (CNCD),
no ano de 2004. Tendo como subtítulo “Programa de Combate à Violência e à
Discriminação contra GLBT e Promoção da Cidadania Homossexual”, sugere
questionar temas reminiscentes à homossexualidade em todos os Ministérios do
Governo e requerer políticas públicas que apreciem essa população, nas mais
variantes esferas, entre elas a educação, onde o mesmo autoriza, em 2009,
juntamente com o financiamento do Ministério da Cultura (MINC) a abertura da
Escola E-Jovem, voltada para o público gay do Brasil, instalada na cidade de
Campinas/SP.
“Tramas, processos e atores: uma análise da
implementação do Centro de Referência LGBT de Campinas” – Thiago Falcão e
Vinícius Zanoli (Unicamp)
Resumo: Em 2003, em Campinas, no interior de São
Paulo, foi criada a primeira política pública brasileira a oferecer assistência
social, jurídica e psicológica à LGBT, o Centro de Referência LGBT. Resultante
da participação do movimento LGBT no Orçamento Participativo, adotado pela
gestão municipal de Toninho do PT, eleito em 2000. Com base em pesquisa
etnográfica e documental, procuramos analisar: 1) como diferentes atores (em
especial Movimento e Estado) se relacionam com o CR; 2) quais impactos essas relações
causam a essa política pública; 3) de que forma um serviço com menos
legitimidade política e social em relação aos demais atua num contexto de
disputa do lugar social da homossexualidade entre diversos atores sociais, numa
cidade marcada por expressão conservadora, levando em consideração também a
atual situação política do município.
“A formação do CNCD/LGBT numa perspectiva
incremental” –Alexandre Soares Cavalcante (UFABC)
Resumo: A possibilidade de emergência de novos
atores sociais e políticos na formulação de políticas públicas é reflexo de um
processo amplo de redefinição de conceitos tais como participação e cidadania
na contemporaneidade. Com base nesse panorama, e tendo em mente o histórico das
lutas pelos direitos LGBT, o presente trabalho busca um diálogo com o
incrementalismo enquanto perspectiva analítica em políticas públicas. Se por um
lado a participação social dos movimentos LGBT aumentou nos últimos anos, sua
efetiva proposição por mudanças pode ser questionada em face às perspectivas
incrementalistas.
“À direita de Deus: a atuação política de grupos
evangélicos de Campo Grande no âmbito da homossexualidade” – Suellen Oliveira
Duarte Ramos Próspero (LEVS/UFMS)
Resumo: O presente trabalho é resultado da pesquisa
para o Trabalho de Conclusão de Curso que buscou discutir a atuação política de
dois grupos evangélicos de Campo Grande, o Grupo Evangélico de Ação Política
(GEAP) e a Aliança Evangélica no Mato Grosso do Sul (AEVB-MS) no âmbito da
homossexualidade, com ênfase em seus discursos e práticas voltadas para esta
questão. Com o aporte teórico de assuntos como religião, homossexualidade e
modernidade, foram analisadas as falas dos representantes de tais grupos acerca
de seus conceitos e idéias a respeito do movimento LGBT e dos homossexuais, uma
vez que tem-se observado a intensificação do conflito destes últimos com grupos
religiosos que se posicionam contrariamente à homossexualidade.
“Violência e homofobia: um estudo sobre o
preconceito e a agressão contra a população LGBT de Campo Grande” – Aparecido
Francisco dos Reis e Ana Maria Gomes (NEG/UFMS)
Resumo: Essa comunicação tem o objetivo de
apresentar parte dos resultados do projeto de pesquisa “Violência e Homofobia:
Um estudo sobre o preconceito e a agressão contra a população LGBT em Campo
Grande”. O projeto teve como objetivo fazer análise de dados quantitativos e
qualitativos acerca dos crimes e discursos homofóbicos. Para tanto, foram
coletados dados de ONGs e OGs acerca dos índices de violência de cunho
homofóbico em nível nacional e regional. Foram realizadas entrevistas
semi-estruturadas onde se buscou saber em quais situações e onde aparecem
preconceito e discriminação. Os dados coletados mostram que o índice de
violência de cunho homofóbico e o preconceito continuam extremamente
acentuados. Os depoimentos mostram as características da homofobia, que muitas
vezes chegam a forçar ind ivíduos a fugir de casa ou a esconder sua
homossexualidade com medo da violência que podem sofrer.
CO4– Feminismo, escrita e história (sala 6, CEU)
“Políticas de igualdade de gênero na Rússia
revolucionária” – Maria Helena de Novais (Universidade São Judas Tadeu)
Resumo: Após a tomada de poder pelos bolcheviques,
Alexandra Kolontai tornou-se Comissária de Saúde do governo soviético.
Empenhou-se por estabelecer políticas públicas que levassem à igualdade entre
homens e mulheres. Porém, encontrou no materialismo histórico, um método
insuficiente. Em A Nova Mulher e a Moral Sexual, Kolontai aproxima-se das
conclusões de Simone de Beauvoir em O Terceiro Sexo. Ambas têm na contradição
entre a propensão humana para a ambição que se satisfaz na posse/domínio e a
desejável amizade conciliadora ponto central de suas reflexões. É objetivo
desta exposição discorrer sobre os paralelos entre o pensamento de Beauvoir e
Kolontai, de forma a contribuir para discussões futuras.
“A escrita íntima de Anais Nin e suas contribuições
para o movimento feminista” –Roberta Fiusa Magnelli (Universidade São Judas
Tadeu)
Resumo: Anais Nin, tornou-se famosa pela publicação
de diários. A extensão dos seus relatos torna-se surpreendente pela sua decisão
em publicá-los. As primeiras versões foram publicadas nos anos 60, e em plena
revolução sexual, Nin veicula relatos verdadeiros de sua vida, onde se revela
dona do seu corpo e sexualidade. Com uma estética baseada no interior psíquico,
Anaïs construiu esse novo mundo negando o político no qual estava inserida, mas
impondo-se ao público por meio da sua circulação. Ela não se preocupava com
critérios de objetividade para a construção de si, onde ficção e realidade
confundiam-se e dessa forma parece ter desenvolvido uma espécie de estética da
existência. O objetivo deste trabalho foi analisar a escrita íntima de Anais
Nin, e a utilização de sua vida para a construção de uma obra. As principais
fontes da pesquisa foram os diários não expurgados, de publicação póstuma.
“Sophia: mulher, poeta e militante no Portugal de
Salazar” – Mariane Tavares (Universidade Federal de São Paulo)
Resumo: Em 1926 teve início a ditadura militar
portuguesa que terminou, em 25 de abril de 1974, com a Revolução dos Cravos.
Durante este período, houve muitas mudanças concernente à cultura e à ideologia
da época. A sociedade, influenciada pela política nacionalista, não resistiu ao
poder midiático que a convenceu de que a alma lusitana era exemplar, em todas
as suas modalidades. Neste contexto, onde as mulheres eram educadas para serem
domésticas disciplinadas pelo marido, Sophia de Mello Breyner Andresen cresceu
e publicou poemas que se opunham declaradamente ao regime militar português,
também, durante esse período foi líder da Comissão de Socorro aos Presos
Políticos e posteriormente eleita deputada à Assembleia da República, o que
antes era inimaginável para uma mulher. Assim analisaremos, brevemente, a
través de história e poesia, questões de gênero e política a partir de Sophia.
“A mordida na maçã: convergências e divergências
nas histórias de vida daquelas que se opuseram à Ditadura Militar” – Paula
Franco (Universidade Federal de São Paulo)
Resumo: As trajetórias de vida de Dulce Maia Sousa
- ex-guerrilheira da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) - e de Elisabeth
Teixera - ex-líder da Liga Camponesa de Sapé - serão o centro da pesquisa que
se apresenta. Considerando a vivência de ambas nas esquerdas opostas à Ditadura
Civil Militar, a intenção é pensar a questão da mulher enquanto um sujeito
político. Nesse sentido, formar-se-á uma rede em que o recorte gênero estará
enviesado pelas outras linhas que definiram as histórias dessas mulheres, são
elas: classe social e lugar geográfico-social (campo e cidade). Para alcançar
os objetivos propostos nesse projeto, as fontes a serem usadas além de
relacionarem-se às vidas dessas mulheres são, também, fruto de processos de
rememoração, coletivas e individuais, o que configura a memória, dentro desse
projeto historiográfico, como objeto de pesquisa.
Dia III (19/09) Quarta-feira
Das 15h às 17h
Comunicações Orais
CO5- Violência e gênero: vítimas e agressores (sala 4, campus)
Debatedor: José Leon Szwako (CEBRAP)
Debatedor: José Leon Szwako (CEBRAP)
“Punição X Recuperação: a Lei Maria da Penha e os
autores de violência contra a mulher” – Renata Gomes da Costa e Clara Maria
Holanda Silveira (UECE)
Resumo: O presente trabalho faz parte do ensaio
monográfico intitulado “Prisão e ressignificação da violência: a punição e o
enfrentamento à violência contra mulher”, que teve por objetivo analisar junto
aos homens autores de violência, presos pela Lei Maria da Penha, a ressiginificação
da violência durante o cumprimento da pena privativa de liberdade. Realizamos
pesquisa de campo na Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor José
Jucá Neto (CPPL III), através de pesquisa documental e bibliográfica, diário de
campo, observação simples e entrevista semiestruturada, caracterizando-se como
pesquisa qualitativa por objetivar compreender as percepções e opiniões dos
sujeitos. Entrevistamos sete homens, três reincidentes e quatro primários penas
na L ei Maria da Penha que cometeram violência contra a esposa, companheira
e/ou ex-companheira.
“A relação cíclica entre simbólico e físico na
violência de gênero” – Isabela Venturoza de Oliveira (UNESP)
Resumo: O presente estudo busca problematizar o
modo como os discursos policial, médico e jurídico vem colaborando com a
definição e regulação dos comportamentos de gênero. Pretende-se lançar luz
sobre os mecanismos políticos de controle que envolvem e, muitas vezes,
restringem o corpo e a sexualidade das mulheres. Para isso, voltamos os olhos
às violências às quais a mulher é sistematicamente submetida e cujas formas –
diretas ou indiretas, sócio-econômicas ou políticas, individuais ou coletivas,
públicas ou privadas – expressam uma violação do Direito, assim como a
manutenção de uma forma de conceber o mundo. Neste contexto, o pensamento de
Foucault (1981), entre outros teóricos, pode nos ajudar a compreender como as
práticas discursivas atuam na normatização dos comportamentos, ativando e
reproduzindo construções normativas sobre como ser homem ou como ser mulher.
“A lei nas entrelinhas: a Lei Maria da Penha e os
operadores policiais das delegacias de defesa da mulher a cidade de São Paulo”
– Beatriz Accioly Lins (USP)
Resumo: Minha pesquisa tem como objetivo investigar
os significados, as percepções e as mudanças que a promulgação da Lei Maria da
Penha trouxe para a prática policial nas Delegacias de Defesa da Mulher da
cidade de São Paulo. Pretendo compreender de que maneira a recente alteração da
compreensão da violência doméstica e familiar contra a mulher – que passou de
um delito de menor potencial ofensivo para um crime hediondo punido e coibido
com maior rigor - impactou a prática e os discursos dos operadores policiais
dentro destas instâncias responsáveis pelo atendimento a mulheres em situação
de violência. Trata-se, nesse sentido, de entender como a lei foi incorporada e
compreendida, bem como, sobretudo, analisar de que maneira construções de
gênero, família, moralidade e justiça influenciam n as práticas e nos discursos
de policiais, delegadas e escrivãs das DDM da cidade de São Paulo.
“Da passividade à luta: desconstruindo a visão
vitimista da mulher em situação de violência” – Clara Maria Holanda Silveira e
Renata Gomes da Costa (UECE)
Resumo: Este estudo objetiva compreender como as
relações conjugais violentas se configuram como relações de poder, onde há
espaço para a resistência feminina. Discute a necessidade de desmistificar a
vitimização das mulheres que sofrem violência. Baseado em uma revisão de
literatura sobre o tema e em uma entrevista semiestruturada com uma mulher que
sofreu violência conjugal, buscou-se analisar de que maneira o rompimento da
dicotomia público/privado poderá contribuir para a desconstrução da violência
contra a mulher. Concluiu-se que as mulheres são capazes de oferecer
resistência a violência, pela prática de micropoderes que perpassam as relações
de gênero. Reforça que a violência contra a mulher é assunto de foro público, que
diz respeito à sociedade civil e ao estado, e como tal não se encerra no âmbito
do doméstico e do privado.
CO6– Internet e sociabilidades sexuadas (sala a confirmar)
“Interações homoeróticas criadas on-line: reflexões
teóricas e metodológicas de pesquisa” –Keith Diego Kurashige (UFSCar)
Resumo: A internet expandiu as formas de
comunicação e dentre elas, as interações homoeróticas. Este trabalho tem como
objetivo fazer reflexões teóricas sobre a articulação entre a sexualidade e o
ciberespaço e as implicações metodológicas de pesquisa que emergem junto com o
surgimento da internet. A internet possibilitou uma remodelagem da gramática
erótica, visto que os lugares fixos começam a ser substituídos ou redefinidos a
partir de uma interação on-line por meio dos sites de relacionamentos e de
busca de parceiros afetivos e ou sexuais. Fazer uma investigação por meio de
uma interação participante requer que repensemos nos métodos de pesquisa,
levando em consideração as relações intersubjetivas entre o pesquisador e o
sujeito da pesquisa. As interações homoeróticas no ciberespaço redesenham a
própria gramática erótica como o os métodos de pesquisa.
“Não sou nem curto: mercado (homo)sexual na
internet” –Gibran Teixeira Braga (UFRJ)
Resumo: Este trabalho investiga as representações
dos usuários de websites que promovem encontros de homens para prática sexual
ou relacionamento. Pode-se perceber, na maior parte dos casos, uma mobilização
de categorias típicas do ideal de masculinidade e uma tentativa de descolamento
da prática do sexo entre homens com relação à imagem do homossexual. Esse
esforço se dá a partir de uma atualização da dicotomia masculino/feminino, em
que o segundo termo está usualmente associado a valores negativos e o primeiro
confere prestígio a quem se refere. Por um lado, opera a heteronormatividade;
por outro, nota-se o empenho por parte da maioria dos usuários em se alocarem
no pólo positivo do par, qual seja, o de “macho”, o que chamo de
“machonormatividade”. Desenha-se no discurso desses atores a aposta e m uma
masculinidade performativamente ressignificada.
“Corporalidade no virtual: masculinidades e trocas”
– Michel Silva Carvalho (UFSCar)
Resumo: O projeto visa investigar como se
constituem os relacionamentos homossexuais na internet, através de dois sites.
O primeiro é o bate papo do portal Uol voltado para a cidade de São Carlos e o
segundo é o Badoo, uma rede social que tem como foco a localização dos
participantes. O foco será entender como esses indivíduos se colocam e
articulam seu discurso em um ambiente virtual para procurar relacionamentos que
podem vir para o plano físico. Essas conversas passam por filtros e por uma
seleção por cada um dos indivíduos que constroem, a partir de recortes de idade
e gênero , suas formas de masculinidade e sexualidades aceitas. Como auxilio
analítico, serão utilizados conceitos da Teoria Queer que entende as
identidades como um constructo relacional e em constante mudança. Os
relacionamento online são pouco trabalhados no interior e o virtual é um
convite para os que sofrem preconceito.
Dia IV (20/09) Quinta-feira
Das 15h às 17h
Comunicações Orais
CO7– Políticas públicas, produção de sujeitos e
práticas (sala 4, campus)
“Travestis na velhice e políticas públicas” – Pedro
Paulo Sammarco Antunes (PUC-SP)
Resumo: Este estudo trata do envelhecimento de
travestis. Justifica-se, igualmente, pela relevância social do tema, chamando a
atenção sobre o processo de envelhecimento para a comunidade científica, a
sociedade em geral e o próprio grupo de travestis em particular. A existência
da travesti é precária desde sempre. Muitas saem ou são expulsas de casa, por
causa do intenso preconceito familiar. Assim, buscam habitar espaços onde serão
aceitas. A maioria encontra na prostituição acolhimento para sobreviver.
Habitam o mundo de forma improvisada e frágil. As que atingem a velhice são
verdadeiras sobreviventes. Essa pesquisa detectou que é preciso haver políticas
públicas que as amparem desde a infância. Conhecer suas trajetórias de vida
possibilita identificar quais são os pontos mais críticos onde não há qualquer
tipo de amparo institucional e existencial.
“Sexualidade e deficiência: manejando direitos,
construindo pessoas” – Kenya J. Marcon (Unifesp)
Resumo: Este trabalho pretende analisar como noções
relativas à sexualidade emergem no debate sobre políticas públicas para pessoas
com deficiência. Tomando como panorama geral as proposições vinculados aos
Direitos Humanos vem sendo empreendidos alguns eventos e publicações do Governo
Federal que pretendem visibilizar as demandas das pessoas com deficiência, bem
como minimizar a vulnerabilidade dessas pessoas em questões de violência e
DST/HIV e Aids. Além disso, como esfera reguladora por excelência dos discursos
e práticas dos sujeitos, pretende-se compreender qual a importância das
políticas de saúde pública no processo de constituição dos sujeitos.
“(Homo) sexualidade feminina e ginecologia: um
estudo sobre mulheres com práticas homoeróticas e suas relações com o serviço
de assistência ginecológica em Porto Alegre/RS” – Ana Rita da Silva Rodrigues
(UFRGS)
Resumo: Neste trabalho procuro entender as razões
que levam mulheres com práticas homoeróticas a acessar com menor frequência o
serviço de saúde ginecológico. A fim de responder a tal questão, analiso três
dimensões: a histórica, a cultural e a política. Na primeira dimensão, procuro
entender como as práticas homoeróticas femininas têm sido vistas
historicamente. Na segunda, tento compreender quais as concepções dessas
mulheres sobre seus corpos e sobre a sua saúde sexual. E, por fim, analiso qual
o impacto das políticas públicas pós-PAISM (Programa de Assistência Integral à
Saúde da Mulher) visando o público homoerótico feminino promovidas pelo Ministério
da Saúde.
“A clínica de atendimento psicológico a
transexuais: entre saberes, poderes e convenções” – Marcos de Jesus Oliveira
(UnB)
Resumo: Este estudo analisa as formas de
poder/saber que regulam a prática psicoterápica destinada a pessoas transexuais
requerentes da cirurgia de transgenitalização em um hospital universitário
brasileiro localizado em um grande centro urbano. Trata-se de entender como o
diagnóstico de disforia de gênero é construído nas e pelas interações
terapêuticas destinas ao público investigado. Por meio de observação
participante em sessões terapêuticas, foram reconstituídos os regimes de
subjetivação da clínica. Esses regimes funcionam como dispositivos de
construção da pessoa, buscando conformar as subjetividades ali produzidas a
certos ideais regulatórios, disciplinares e biopolíticos. Entrevistas
semiestruturadas àquelas que se submeteram a atendimento psicoterápico como p
arte do programa de acesso à cirurgia de transgenitalização complementam a
estratégia teórico-metodológica descrita.
“’Meu marido se veste de mulher’: conjugalidade,
gênero e sexualidade na perspectiva de mulheres que se relacionam com
‘crossdressers’” – Ana Paula Vencato (UFSCar/UNIP)
Resumo: Este trabalho discute dados coletados em
pesquisa com mulheres que se identificam como "esposas" ou
"S/O’s" de homens que “praticam crossdressing”. É também um
desdobramento de minha tese de doutorado, sobre como homens que se identificam
como crossdressers, negociam esta prática em suas vidas cotidianas. A pesquisa
parte de uma etnografia e é complementada por entrevistas semiestruturadas com
estas mulheres. Busca-se compreender como estas mulheres lidam com as tensões
relativas às convenções sobre gênero e sexualidade e com o manejo de segredo ao
conviverem com esta prática. Também se discute como o crossdressing impacta a
vida privada e a afetivo-sexual/conjugal de pessoas que se montam, em especial
naqueles casos em que os desejos e práticas relativas ao crossdressing do
cônjuge foram revelados após vários anos de casamento.
CO8– Mídia e gênero (sala 5, CEU)
Debatedora: Angela Maria Lucas Quintiliano (PUC)
Debatedora: Angela Maria Lucas Quintiliano (PUC)
“O processo histórico de marginalização da mulher
nordestina em Vida Maria” –Suely dos Santos Silva, Silvon Alves Guimarães,
Leonor Paniago Rocha, Halline Mariana Santos Silva (UFG/USP)
Resumo: O texto discute a condição da mulher que
nasce e vive no nordeste brasileiro, especialmente as que habitam o interior
dos Estados dessa região geográfica do Brasil. Embasa-se na temática das
vivencias femininas pelo filme de curta metragem Vida Maria do diretor Márcio
Ramos e debate a condição da mulher nordestina sem escolaridade. Estabelece a
relação entre determinante geográfica, anos de escolaridade, construção da
alteridade e da identidade e a capacidade de cada pessoa de realizar seus
sonhos e aspirações. O Texto articula os elementos constituidores da
personalidade de cada mulher e os impedimentos ou freios em que estes esbarram
caso as condições históricas, geográficas, educacionais, econômicas, sociais e
políticas sejam desfavoráveis para que se façam os devidos enfrentamentos das
condições postas.
“Como a filosofia, por meio de O Segundo Sexo, de
Simone de Beauvoir, pode contribuir para a construção dos sujeitos do sexo
feminino nos discursos midiáticos” –Juliana Oliva (Universidade São Judas
Tadeu)
Resumo: Esta apresentação pretende relacionar a
construção de papéis de sujeitos feita pelo discurso midiático, e a manutenção
do sexismo descrita por Simone de Beauvoir em O Segundo Sexo, com o objetivo de
contribuir com uma reflexão filosófica para o debate que trata das práticas relacionadas
ao assunto.
“Legitimações da transfobia em representações
midiáticas” – Carla Freitas dos Reis e Douglas Simakawa (UFBA)
Resumo: Este trabalho pretende apresentar uma
análise de representações midiáticas culturais de pessoas transgêneras a partir
de metodologia relacionada à análise crítica do discurso e a partir de autores
pós-estruturalistas ligados aos estudos subalternos. Neste sentido, propõe-se
apresentar os conceitos de transgeneridade e cisgeneridade, posicionando-os de
acordo com a hierarquização normativa; relacionar as violências caracterizadas
como transfóbicas com os posicionamentos sociais da trans- e da cisgeneridade;
e, a partir de uma análise crítica de duas cenas de dois longa-metragens (XXY e
Tomboy) e de um matérias jornalística disponível online. Conclui-se que as
representaçõe jornalística das transgeneridades, autorizadas por uma
normatividade cisgênera, torna estas identidades de gênero ininteligíveis.
“Malu Mulher(es): as representações do feminino, a
televisão e a redemocratização brasileira” – Wagner Pereira Silva (Unifesp)
Resumo: O objetivo principal desta pesquisa é
perceber como se relacionava a pluralidade de culturas que permeiam o seriado
Malu Mulher e como isso se relaciona com o período de redemocratização pelo
qual o Brasil estava passando. Malu Mulher foi um marco para TV brasileira. O
seriado foi apresentado de maio de 79 a dezembro de 80 e transmitido no horário
das 22 horas. O diferencial da série que escolhemos estudar foi por trazer a
tona temas polêmicos que refletiam as reivindicações do movimento feminista até
então invisíveis na programação da televisão no Brasil. Estudar está série
polêmica é particularmente relevante por ter sido produzida em um período de
fortes transformações políticas durante a Ditadura Militar (1964-1985), com o
governo de Figueredo e o projeto de abertura política de Geisel, que
acarretaria no fim deste período de exceção no Brasil.
“’Sin tetas no hay paraíso’: análise crítica de uma
narco-novela” – Ana Maria Palma (UFPR)
Resumo:“Sin Tetas no hay Paraíso” es una
narconovela que habla de la experiencia de una adolescente que muda su cuerpo
para convertirse prostituta en el mundo del narcotráfico. La idea de
representar uno de los más importantes elementos de la realidad en Colombia,
dio forma a las ahora llamadas narconovelas. Este tipo de novelas fueron las
primeras en cuestionarse sobre la presencia de las mujeres en lo que hasta ese
momento era consideraba un fenómeno hegemónicamente masculino, como el
narcotráfico. Naturalizando así los excesos, situaciones, estereotipos y
violencias de un mito construido alrededor de un mundo paralelo e ilegal, a
través de un producto mediático, que cuenta con el lenguaje popularmente
inteligible del melodrama, para posicionar sentidos de los masculino y
femenino, en una sociedad en crisis.
Dia V (21/09) Sexta-feira
Das 15h às 17h
Comunicações Orais
CO9– Textualidades generificadas e sexualizadas,
mídia e consumo (sala 4, campus)
“Entre a ‘Casa Grande e a Senzala’ e a ‘devassa
negra’: uma análise das polêmicas referentes à propaganda da cerveja Devassa” –
Marcelo Vitale Teodoro da Silva (USP)
Resumo: O presente trabalho é composto por uma
análise das polêmicas ocasionadas pela propaganda da cerveja Devassa. Tais
polêmicas foram mapeadas no bojo da discussão suscitada pelo blog "Tramado
por Mulheres", a partir do post "A maldade esta nos olhos de quem
vê”, no tocante a propaganda da devassa negra. Por este viés, a presente
análise consiste em verificar os pontos minuciosos gerados na polêmica, acerca
da propaganda possuir ou não um caráter racista e machista. De tal modo,
sistematizaram-se as argumentações, com o fito de obter uma maior compreensão
acerca dos elementos estruturais das mesmas, almejando um refinamento das
articulações de tais comentários. Tanto os que contestavam, como também os que
corroboraram as ideias presentes na propaganda em questão, criticando os grupos
que demandaram a censura da mesma.
“Práticas cissexistas na mídia – análise de textos
partir de conceitos linguísticos” –Hailey Alves (Coletivo Transfeminismo)
Resumo: Este trabalho propõe realizar uma breve
análise de textos jornalísticos veiculados pela grande mídia e também por
portais que se auto-intitulam LGBT, no que concerne o cissexismo presente
nesses textos. As construções e terminologias utilizadas evidenciam o que
convém chamar de cissexismo - prática comum realizada pela grande mídia, porém
realizada acriticamente por portais LGBT que visam representar as pessoas
trans*, falhando, dessa forma, em seu objetivo político-representacional. Quais
são as terminologias utilizadas, as informações evidenciadas e as que foram
silenciadas? Com base na Teoria Queer e através da linguística, a partir de uma
mistura teórica que envolve conceitos da análise do discurso, semântica da
enunciação e pragmática, faremos uma análise desses elementos pr esentes nesses
textos e como são nocivos à busca de uma representação mais humana de pessoas
trans*.
“Sexualidades representadas: a homossexualidade na
literatura brasileira contemporânea” –Carlos Henrique Vieira (Unifesp)
Resumo: Neste trabalho pretende-se discutir a
representação do homossexual na literatura brasileira contemporânea. Sobretudo,
nas produções literárias de Bernardo Carvalho e João Gilberto Noll. Autores que
não excluem de sua literatura a temática da violência e exclusão social nas
grandes cidades que caracteriza a literatura brasileira produzida a partir da
década de 1960. Mas, inserem tanto um viés subjetivo, quanto questões
problemáticas da pós-modernidade, como, por exemplo, a fragmentação da
identidade individual, sexual e nacional. Suas narrativas, normalmente, têm
como figuras centrais personagens com corpos e sexualidades a deriva, em busca
de um lugar ao qual se possam pertencer, que lidam com sentimentos como a
solidão e a inadequação. São essas personagens que obsevarmos, entre outras, em
narrativas como O filho da mãe (2009) de Carvalho e Berkeley em Bellagio (2003)
de Noll.
“Beleza sem medidas? Corpo, gênero e consumo no
universo plus-size” – Marcella Uceda Betti (USP)
Resumo: Recentemente, a moda plus-size,
especializada em tamanhos grandes, vem crescendo e ganhando um relativo destaque
por meio da construção de seus próprios espaços legitimação - como desfiles,
eventos, marcas e lojas - e da divulgação feita pela mídia, sites e blogs. A
princípio se opondo ao campo da moda tradicional - que difundiria um padrão
estético rígido - o universo plus-size propõe que o ideal de magreza, ainda que
culturalmente hegemônico, não é sinônimo de “feminilidade” e beleza, afirmando
que as mulheres“gordinhas” também podem cuidar de seus corpos, se sentindo mais
felizes, belas e atraentes. O objetivo é investigar que representações e
discursos acerca do corpo e da “feminilidade” e que construções de gênero são
produzidas neste universo, pensando de que maneira um padrão corporal
“alternativo” é negociado por meio da legitimação de um campo de moda próprio.
CO10– Justiça e (homo)sexualidades (sala 5, campus)
Debatedora: Rosa Maria Rodrigues de Oliveira (Unicamp)
Debatedora: Rosa Maria Rodrigues de Oliveira (Unicamp)
“Doação de sangue e as restrições aos doadores
homossexuais” – Heverton Garcia de Oliveira e Tereza Rodrigues Vieira
(Universidade Parananense/Université de Montréal)
Resumo: Existe demanda contínua por doação de
sangue no Brasil, sendo comum a necessidade de voluntários para reposição dos
estoques. Apesar da demanda, existem certas restrições criadas para preservar
aqueles que recebem o material, mas que nem sempre são pautadas por critérios
puramente científicos, fomentando a segregação das minorias sexuais, como
homossexuais e bissexuais masculinos. Segundo o anexo à portaria nº.1.353/2011,
do Ministério da Saúde, são considerados inaptos para doar, por 12 meses, homens
que fizeram sexo com outros homens (art. 34, § 11, IV, “d”). Já os homens
heterossexuais, aqueles que tenham tido relações sexuais com até 2 parceiras
diferentes em menos de 3 meses, estão aptos. Questiona-se a validade desta
discriminação, tendo em vista o ar tigo 1º, § 5º, da própria portaria, que veda
a discriminação dos doadores por orientação sexual.
“Derechos y Matrimónio Igualitario X (quase)
Direitos e União Civil: o caso da Argentina e o (des)caso do Brasil” –
Christopher Smith Bignardi Neves (IFPR/Prefeitura Municipal de Paranaguá)
Resumo: A ideia principal deste estudo é analisar
de que forma a Argentina aprovou a Lei do Matrimonio Igualitário, enquanto o
Brasil vem encontrando e tentando derrubar as mais diversas barreiras impostas
pelas Igreja e pela mídia. Portanto, tem-se como foco principal discorrer sobre
fatos e direitos que levaram os argentinos à aprovação da referida lei, ao
passo que no Brasil o deputado Jean Wyllys (PSOL) vem somando esforços para a
aprovação da ementa constitucional, que consequentemente altera o Código Civil.
Enquanto o país vizinho já usufrui do Matrimonio Igualitário, nós reles
brasileiros vivemos com a homofobia gritando em nossos ouvidos, e marcando
nossas peles, e sorrindo por ter o direito à união civil. A análise das
legislações, os fatos históricos, a defesa da lei argentina, acompanhado da
realidade brasileira, caracteriza este estudo.
“A controvérsia em torno da aprovação da união
estável homoafetiva no Brasil” –Paula Bortolini e Lilian Sales (Unifesp)
Resumo: A pesquisa a ser apresentada tem como
escopo a analise da controvérsia gerada por agentes religiosos e defensores dos
direitos homossexuais em torno do julgamento para o reconhecimento de uniões
entre pessoas do mesmo sexo no Brasil como entidade familiar, por analogia à
união estável, declarada possível pelo Supremo Tribunal Federal, em 5 de maio
de 2011.
“Homoconjugalidade& justiça: da possibilidade
jurídica do casamento homoafetivo à igualdade virtual?” – Aparecido Januário
Júnior (UCDB)
Resumo: Neste trabalho são reunidas reflexões sobre
os aspectos sócio-jurídicos da homoconjugalidade. O ponto de partida é a
questão da impossibilidade jurídica do casamento civil homoafetivo, que nega
direitos conjugais de gays, lésbicas, travestis e transexuais, sendo, por
conseguinte, uma expressa negação de sua condição de cidadãos. Em princípio,
algumas teses são elencadas para a constitucionalidade desse direito e
advoga-se pela equiparação de direitos, respeitando o princípio da igualdade
como princípio da anti-subjugação para que o debate da conjugalidade
homoafetiva não advenha numa igualdade virtual. Por fim, apresentam-se os
resultados de uma pesquisa quanti-qualitativa que teve a intenção de dar voz
aos LGBT campo-grandenses para compreender seus relacionamentos e o que desjam
para que sua cidadania seja garantida.
“Do rechaço ao (re)verso: a presença gay na escola”
– Cassio José de Sousa Silva (UFPA)
Resumo: A escola é um espaço de produção das
identidades, inclusive das chamadas identidades sexuais. É preciso romper com
as sucessivas exclusões sociais sofridas por parte de tod@s aqueles(as) que não
se enquadram na perspectiva heteronormativa de sociedade, que transforma todas
as diferenças em desigualdades. Esta pesquisa pretendeu compreender e investigar
as marcas que compõe a presença dos sujeitos ditos gays numa escola da rede
estadual de Bragança-PA. Os sujeitos que compõem a amostra da pesquisa são
cinco estudantes, que são assumidamente gays no cotidiano do ambiente.
Considera-se, a constante agressão aos cincos estudantes gays e que estas são
em sua maioria de ordem simbólica. O reverso é aqui entendido como a estratégia
usado pelos gays para se questionar a sexualidade do outro.
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